Comprei uma mata virgem do coronel bento lira
Fiz um rancho de barrote, amarrei com cipó cambira
Fiz na beira da lagoa, só para pescar traíra
Eu não me incomodo que me chamam de caipira
No lugar que índio canta muita gente admira
Canoa fiz de paineira, varejão de guaiuvira
A poita pesa uma arroba, dois remos de sucupira
Se jogo a tarrafa na água sozinho um homem não tira
Capivara é bicho arisco quando cai na minha mira
Puxo o arco e jogo a flecha, lá no barranco revira
Eu sou grande pescador, também gosto de catira
Quando eu entro num pagode não tem quem não se admira
No repique da viola contente o povo delira
Se a tristeza está na festa eu chego, ela se retira
Bato palma e bato o pé até as moças suspiram
Muita gente não conhece o cantar da curuira
Nem sabe o gosto que tem a pinga com sucupira
Morando lá na cidade não se come cambuquira
É por isso que eu gosto do sistema do caipira
Pode até ficar de fogo, ele não conta mentira