É incrível
Transformar em real aquilo que era impossível
Feito caravela contra o mar invencível
Aporto em portos que exigem um outro nível
De coerência, de consciência
De novas ciências
Tendo paciência e gratidão às minhas crenças
Abro portas, encontro tropas expostas
Dispostas em lutar por seus direitos
Cotas seja Moçambique, Cabo Verde, Angola
São Tomé e Príncipe, Brasil
Fundamental, nossa língua se fundiu
É cultural, deixou de ser individual
E quem diria que outrora tudo era Portugal
Guetos de Guiné-Bissau
Lá em Timor-Leste ou mesmo em Macau
Do particular partindo pra o geral
Língua que fez tudo ficar tão igual
Luanda, Kinshasa, Malabo, Ruanda
Acra, Cabinda, Benguela, Uganda
Filhos arrancados de cá, levaram pra lá
Quilombos e senzalas de lá, aldeias de cá
Caravelas cheias de pretos, café e cacau
Descobriram novas rotas até chegar a Macau
Maputo, Bahia, Recife, Bissau
Nosso legado é do tamanho do pau
O mar quis assim, uniu nossas vidas
Tribos misturadas encheram barrigas
Nova cultura nasceu, do Timor-Leste a Guiné
Distância é só detalhe, teu gueto é igual ao meu
O zango é comum, só não vê quem não quer
Da capoeira ao candomblé, do kuduro ao axé
Lusofonia nós é axé!
Guetos de Guiné-Bissau
Lá em Timor-Leste ou mesmo em Macau
Do particular partindo pra o geral
Língua que fez tudo ficar tão igual
Tão igual, não leve a mal
Falamos a mesma língua e fica tudo tão especial
Nasci em Moçambique, agora vivo em Portugal
Carrego duas culturas, afro e ocidental
É muita mestiçagem, começou numa viagem
Onde uma caravela um dia encostou à margem
Iniciou a linhagem, língua lusa na bagagem
Zuca, tuga, mangwolé, sempre na mema linguagem
Progresso em processo que atravessa em excesso
Não esqueço quem eu sou, d'onde eu vim não tropeço
Progresso em processo que atravessa em excesso
Não esqueço que a lusofonia fez de mim sucesso
Guetos de Guiné-Bissau
Lá em Timor-Leste ou mesmo em Macau
Do particular partindo pra o geral
Língua que fez tudo ficar tão igual