Todos que nascem no mundo
Tem seu destino marcado
A sina do Zé Inácio
Era negociar com gado
Num transporte a Mato Grosso
Ele ajustou dois empregados
Porque os bois que ele comprava
Dia a dia aumentava
Seu trabalho era dobrado
Zé Inácio inocente
Que nada desconfiava
Que aqueles peões estranhos
De má fé lhe acompanhava
Pra roubar sua boiada
E o dinheiro que levava
E aqueles desordeiros
Mataram o boiadeiro
Na hora que repousava
Os dois seguiram viagem
Cortando aquele estradão
Vamos beber a saúde
Na primeira povoação
Enquanto um foi buscar pinga
O outro ficou de plantão
Não se esqueça do virado
Pra nós ficar reforçado
E atravessar o sertão
Admirando a boiada
O peão ficou a pensar
Se eu ficar dono de tudo
Mais rico que eu não há
Quando o outro foi chegando
Ele correu amoitá
Com dois tiros bem certeiros
Liquidou o companheiro
Que acabava de chegá
Tem um ditado no mundo
Quem muito quer nada tem
Quando foi comê o virado
O castigo pra ele vem
Pois estava envenenado
E ali morreu também
Hoje aquela boiada
No sertão vive alongada
E não pertence pra ninguém
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)