O sol rubro no horizonte
Vai se sumindo ao tranquito,
Parece um fogo alumiando
Os repechos do infinito.
No ermo da costa do mato
O vento assobia e corta,
E um taura atira uma flor
Na cruz da lembrança morta.
A lua num pala branco
Lá nos manguerões do céu,
E um João- Grande triste acena
Um branco adeus a lo léu...
Um paisano solitário
Vai chiflando em tom profundo,
E milongueando recuerdo
Nas noites ermas do mundo.
Ali ... Onde O Vento Uiva...
Pedindo Que Alguem Decifre,
Um Touro Escarvando Terra
Levanta A Pátria Nos Chifres...
E Eu Cantando Milongas
No Chão Mais Gaucho Que Existe!
Ecoa distante o canto
De um galo madrugador,
Um campeiro faz a ronda
Com a tropa no corredor.
Uma carreta toldada
Tempo adentro rechinando,
Um causo a beira do fogo
De quem se patriou peleando.
Um contrabando na noite
Antes que clareie o dia,
Um cusco agarra um tatu
E uma ovelha lambe a cria.
Um grilo vai canturiando,
Um relincho dum aporreado,
o parelheiro na soga
e um cantante apaixonado.