Eu sou um nêgo injuriado
do cabelo enrolado
do nariz arrebitado
assanhado
humilhado
No entanto, tem tanto que nem eu
Sou um cara afro brasileiro
da cuica e do pandeiro
do batuque no terreiro
sou filho de violeiro
sou o santo
que o Brasil não conheceu
E como um sujeito engajado
de tanto ser maltratado pela vida aprendi
Nada adianta por a culpa no governo
na cultura do estrangeiro que enriquece por aqui
Você tem mesmo é que trabalhar dobrado,
ter os filhos do seu lado, não ter medo de cair.
A tua crença, tua graça e tua dor se você não dá valor quem é que vai te seguir?
Vem cá neguinha vem mostrar seu requebrado
vem sambar nesse gingado que eu não posso resistir
Vem cá pivete joga fora o canivete, pega a bola, deita e rola faz um gol pra eu sorrir
Conheço nego que só fica ali parado dizendo: eu sou culpado, por isso que tá ruim.
Não tem escola, criança pedindo esmola,
fumando crack, querendo cola numa versão tupiniquim.