Todo o dia e sem parar, ele ouvia uma mesma voz que dizia:
“Foge para o mar!
Aqui estão todos sós!”.
Quando a peste da solidão se abateu sobre o seu olhar, recusou e disse que não: que era o medo de amar.
E fugiu, voltou para casa sem um pio, sem um som, engoliu a madrugada e dormiu, e sonhou, já o dia gritava: “Vem, vem!
E gasta essa esperança, seu filho da mãe!
Esquece essa coisa do mal e do bem!
E gasta-te todo e a tudo o que tens!”.
E acordou, acordou sem cedo ou tarde: murmurou, tropeçou, pela casa, pelo carro, e avançou pelo cais, já as águas chamavam: “Vem, vem!
E gasta essa esperança seu filho da mãe!
Esquece essa coisa do mal e do bem!
E gasta-te todo e a tudo o que tens!”.