Anjo, triste
de serenidade obscura.
Com o asfalto trepidante
sob a pele de veludo difícil.
Canção nocturna e fatal
sem solução;
Guardador de igrejas encerradas,
asas cansadas,
voo interrompido
por solidões anémicas e cruéis.
Bebedor de absinto,
sem motivo, sem nada.
Gritador de uivos
- o quer encerra a noite
as portas da madrugada.
Sem nome nem direcção
filho abstracto e nu de uma não-geração.
Ferida aberta na avenida indiferente,
crepúsculo de gente.
Criatura estranha, indefinida
defensor da minha escuridão.
Tenho-te como cúmplice, um anjo sujo
e sinto-me... apenas... só.