Palanquei o sentimento
E abracei a cordeona
Pra encilhar uma vanera
Que se criou redomona
Tentei segurar o tranco
Cabresteando no floreio
Mas, já no primeiro acorde
Saltou do fole e se veio
Firmei a cinchão das notas
Só pra evitar algum tombo
E a pelegama de versos
Larguei por cima do lombo
Num trancão de queixo duro
Cheio de balda e mania
Se foi pela noite afora
Coiceando na baixaria
A minha vanera xucra
Não nasceu pra ser domada
Nos bailes da gauchada
Corcoveia a noite inteira
Na invernada da cordeona
Vai rebentando o alambrado
E eu ganho a vida grudado
No lombo desta vanera
Abri a goela com gana
Pra acalmar a rebeldia
Saiu de venta rasgada
Procurando melodia
Notei enxergando o povo
Na alegria da festança
Que vanera que encilho
É xucra que não se amansa
No rodeio de um surungo
Se embodoca, caborteira
E todo mundo balança
No corcoveo da vanera
Passa o tempo eu não me aperto
Deste trancão mal domado
Pois carrega na garupa
O xucrismo do meu estado