("Na volta daquela estrada
Bem em frente uma encruzilhada
Todo ano a gente via
Lá no meio do terreiro
A imagem do padroeiro
São João da Freguesia
Do lado tinha fogueira
Em redor a noite inteira
Tinha caboclo violeiro
E uma tal de Terezinha
Cabocla bem bonitinha
Sambava neste terreiro
Era noite de São João
Tava tudo no serão
Tava Romão cantadô
Quando foi de madrugada
Saiu com Tereza pra estrada
Tarvez confessar seu amor
Chico Mulato era o festeiro
Caboclo bão violeiro
Sentiu frio seu coração
Tirou da cinta um punhá
E foi os dois encontrá
Era o rival seu irmão
Hoje na volta da estrada
Em frente aquela encruzilhada
Ficou tão triste o sertão
Por causa da Terezinha
Essa tal de caboclinha
Nunca mais teve São João")
Tapera de beira de estrada
Que vive assim descoberta
Por dentro não tem mais nada
Por isso ficou deserta
Morava Chico Mulato
O maior dos cantadô
Mas quando o Chico foi embora
Na vila ninguém sambô
Morava Chico Mulato
O maior dos cantadô
A causa dessa tristeza
Sabida em todo o lugá
Foi a cabocla Tereza
Com outro ela foi morá
E o Chico acabrunhado
Largou então de cantá
Vivia triste, calado
Querendo só se matá
E o Chico acabrunhado
Largou então de cantá
Emagrecendo o coitado
Foi indo até se acabá
Chorando tanta saudade
De quem não quis mais voltá
E todo o mundo chorava
A morte do cantadô
Não tem batuque nem samba
Sertão inteiro chorô
E todo o mundo chorava
A morte do cantadô
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)