Lá perto de Montes Claros, na fazenda do Simão
Lá existe uma estátua com um chicote na mão
Dizem que há muitos anos, no tempo da escravidão
Existia um fazendeiro
Que fazia prisioneiras as famílias do sertão
O homem e os seus capangas matavam sem piedade
Quem tentasse uma fuga na fazenda Soledade
O povo morria a míngua com uma esperança em vão
Quem reclamasse apanhava
O seu chicote estalava na maior judiação
Um velho já bem cansado cuidava do seu netinho
Fazia oração chorando pra salvar o menininho
Ao ver a criança pedir, vovô não me deixe morrer
Saiu com o menino doente
Pediu na fazenda urgente, ajude meu neto a viver
O carrasco olhou o velho que ajoelhado ao chão
Nos braços com seu netinho implorava compaixão
Mas na hora o fazendeiro foi em cima do velhinho
Ao levantar o chicote
O velho sentiu a morte e abraçou-se ao Zezinho
(“Senhora Aparecida, proteja meu vovozinho
Não deixe meu vovozinho morrer”)
O menino amedrontado chamou sua mãe querida
Proteja vovô, lhe peço, oh! Senhora Aparecida
O milagre aconteceu, foi uma grande explosão
O fazendeiro malvado
Ali ele foi transformado numa estátua e chicote na mão
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)