VÔ-que-VÔ
(REFRÃO) Eu vô-que-vô, eu tô-que-tô, entre pastores e
camelôs, cafuzos, mamelucos, mansões e bangalôs,
Afro-sambas no metrô, faixa sete abalô - leleô,
leleô.
Eu sou aquela lady, que inevitavelmente você vai dar
de frente em qualquer rua do centro. Sobrevivendo ao
escremento de onde venho, não me contento mas me viro
com o que tenho. Dou um trampo no engenho do meu
próprio pensamento, garantia de aumento, redenção e
lamento. Não sou de L.A, nem vou pagar de 5 Boro:
Chico, Racionais, Tom Jobim, Dj Malboro. Não repito
rima, idéia nem levada que nem loro, ñ tenho
patrocínio da firma Bago de Touro. Gosto de som gringo
de domingo a domingo, mas a gente é mendigo, só por
isso xingo. Quer o mercado que eles têm? Bingo!
Ser Macaco-Brás, eu hem ?!?!! Me vingo, cuspindo
minhas palavras de ataque - rebelde com causa, segura
o baque.
(REFRÃO)
São Paulo, São Paulo, é um inferno de cidade, e eu sou
produto de SP. Nascido na Liberdade, não consigo
aceitar qualquer tipo de grade, gosto de fluir estilo
onda que invade uma pá de lugar ao mesmo tempo, sem
alarde alterar o ambiente a minha volta. Apesar de
tanta pedra no caminho, tanta dificuldade, ainda teimo
em trilhar a Avenida da Verdade. Carros, cores,
canções: informações que colho, e coloco na cabeça
(via ouvido, nariz, olho), montam o molho que volta no
verso, movido a expresso e esse é o processo.
Ao vivo da padoca ou da Mercearia, poesia de rua é meu
dia a dia. E antes que alguém cite, é mais um som sobre
a city, por Mamelo Sound Sistem, sanidade no limite.
(REFRÃO)