Se à mulher a natureza
já impôs nascer com regras
Quem melhor que a mulher negra
pra saber como se reza
Se à negra foi imposta
como regra a cor grená
Menstruada pelas costas
quando está ou não está
Escorrendo da chibata
quanto sangue ancestral
Que ao sol um grosso sal
absorve nas mulatas
É que antes mulher negra
muito antes tudo tinha
E de tudo foi rainha
sendo mito sem ser grega
Quando Deus não era um
Quando o pai era Oxalá
Sua boca foi Oxum
O seu choro, Iemanjá
Os seus olhos, Iansã
Sua pele foi Obá
Quando a negra era Pã
Deusa terra água e ar
É por isso que em seu peito
Leite e fé não vão faltar
Por bem mais que ela aceite
o açoite que ainda há
No sangrar do preconceito
contra o mais belo matiz
Ó vermelho, enfeita o preto
Pomba, gira o teu país