Enfim o inverno chegou, mas minh’alma continua a ferver
Como a mágoa que não se dissipou,
Como a fúria que é de mais pra conter
Nossos feitos não são feitos de dor, mas há erros perdurando a doer
Simulando a sensação de rancor, sentindo arder a sal da lágrima
Mais um ano passa a todo vapor, novamente eu não vi neve cair
Novamente eu não olhei ao redor a inércia querendo me engolir
A mobília coberta de pó é a personificação do vazio
Da turbidez da mente, a ausência de cor
E essa ausência é uma cor deveras
Nós agora vivemos em um ciclo
Onde não há mais fronteiras pra transpor
E se você quer se surpreender eu quero um mundo mais cinza
Mas quando se sente o queixo bater na lona
É que se vê a terra fumando as chaminés
Na avidez do velho burguês e seu cachimbo
Fazendo dos meus cafundós cinzeiro...
Aguardo ansioso o último trago e então
Ressurjo das cinzas!
Das Cinzas!
Cinza...