Iedo Silva
Vanera
Sou pau pra toda obra em qualquer tipo de changa
Berimbau também é gaita quando arregaço as minhas mangas
Se falta boi pra carreta boto os cabritos na canga
Faço um ferrão pra guilhada do espinho da japeganga.
Se um dia faltar os arreios pra encilhar meu pangaré
Eu monto nele em pelo par ao que der e vier
Se ele inchar o lombo baleio a perna e vou a pé
Pois sei que a estrada é longa para o que der e vier.
Se um dia faltar cavalo me atrevo montar num burro
E se for lerdo demais eu lhes garanto que surro
Corto ele de espora só para escutar uns urros
Pois minhas mãos calejadas nasceram só pra dar murro.
Se a fome montar meu rancho peço a Deus que me defenda
Se flat bóia pros filhos peço fiado na venda
Se o bolicheiro negar temos frutas pra merenda
Só não pode me faltar os carinhos da minha prenda.