No rumo dos caminhantes
Passo lento e por instante
Há algo que nos invoca
Estranha força que aflora
Invisível aos embates
Mas que vive amanhecendo
Na transparência dos mates.
Que os baguais erguem as patas
Que é tombo e depois levante
Que é florada, mel e flor
De asa e bico sonoro
Anunciando o dia nosso
Na oração das manhãs.
É prece na boca dos meus
Povo bugre dos galpões
Junto ao altar dos tições
No terço das sesmarias
Na pátria das recorridas
Sobre o zaino dos bastos
No lombo dos redomões.
É a alma dos benditos
No tempo das tolderias
Pedindo paz aos proscritos
Que levavam por instinto
O aço das nazarenas
E a cantiga sereneira
No entrechoque dos rumos
Do barro dos barreiritos
A cruz das almas, solita
Mão índia, trançando o catre
Negro de sal e de charque
O beijo do tacuapi
É a força maior da vida
Que nos trouxe até aqui.