Alô, povo do asfalto
Canto eu aqui do alto
Da desigualdade, o porta-voz
Dos limites postos à janela
Flagrante de cada um de nós
Desci o morro a caminho do batente
Vi nos becos a vida de cão
Cada tropeço transformei em melodia
Malandro, segura as pontas do seu barracão
Ê, malandro, segura as pontas do seu barracão
Olha, meu Deus, o dia a dia dessa gente
Otário de antena ligada, dando com a língua nos dentes
E tem a sogra, que insiste em meter a colher
Mas é lei de Murici, cada um sabe o que quer
Ele quer o meu voto (bandido!), prática universal
Pera lá, federal, sou sujeito ficha limpa
Não o deixei me fazer marginal
Quero ver me bater, antes do morro descer
Antes do morro descer, quero ver me bater
Condena meu povo a viver na senzala
Diga, você, coronel, quem é o verdadeiro canalha?
Se liga, meu canto é o clamor da cidade
Minha obra é legado, denúncia da realidade
E se não fosse o samba?
Não seria Bezerra de verdade!
Ô, malandragem, não se esqueça, doutor
Sou produto do morro, vim mostrar o meu valor