Tinha um petiço tordilho marca da estância do meio
Refugado por coiceiro, desbocado e sem costeio
Porém o mundo é pequeno, cheio de volta e floreio
E o tal petiço veiaco se topou com os meus arreios
Já gineteei vaca mansa, touro guaxo e burro alçado
Sou fronteiriço e me agarro em pêlo basto pelado
Apertei bem meus recal, alcei o corpo delgado
E encontrei o “malabruja” berrando desatinado
Me entreguei de corpo e alma a São Pedro e Nossa Senhora
E o beiçudo agarrou força corcoveando campo a fora
Vos digo que coisa feia, quem nunca viu se apavora
Pra uma escramuça de mango e uma tormenta de espora
Mais parecia um demônio no meio do fogaréu
Indo no rumo do céu se arrastou pateando os ferros
Caiu sentado na cola, quase me quita o chapéu
E às vezes dava impressão que eu gineteva um tonel
Não tenho rumo nem rancho, me “aclimatei” ao lombilho
Que vem chorando e rangindo no lombo deste tordilho
Pois sou pior que carrapato nas garras que me enforquilho
Já guasquei muito ventena calçado aos quatro cornilho
A vida costeia aos poucos a alma de um pobre peão
Sei que o destino é maula mas não afrouxa o garrão
Baldoso tapo de corda, bocudo encho a tirão
Veiaco costeio a ferro e não cobro nenhum tostão
“Se quedou manso e costeado el tordillo cabortero”
Aquebrantado a cachorro disparou pelo potreiro
Riscado de mango e pua se aquerenciou no sogueiro
Pra volta da recolhida e montaria do caseiro!