Naquela rua estreita sem asfalto
Não sei bem quantos anos já lá vão
Ali no coração do Bairro Alto
Alguém fez de madeira, um coração e então;
O pobre coração em sobressalto
Só anda a soluçar de mão em mão
Meu Bairro Alto das mais nobres tradições
Das fadistas mais bizarras
Dos boémios do passado
Meu Bairro Alto que entristece os corações
Quando choram as guitarras
Na voz dolente do fado
O fado que é cantado e é falado
Que tem uma guitarra p'ra chorar
Que traz na voz um choro tão magoado
A voz duma saudade a soluçar, ao luar;
O fado é sempre o mesmo, é sempre o fado
Que pôe as almas tristes a sonhar