Vou contá o causo da enxada
Que foi passear na cidade
Encontrou com a caneta
Que lhe mostrou lealdade
Caneta disse pra enxada
Eu quero a sua amizade
Porque sempre há quem fale
Da nossa capacidade
A enxada então lhe disse
Eeu elogio não mereço
Eu sou uma pobre coitada
Que na lavoura amanheço
Respondeu logo a caneta
Isso tudo eu reconheço
Se um dia precisar de mim
Meu prestígio lhe ofereço
A caneta disse franca
Muito satisfeita eu tô
Somo duas trabaiadeiras
Como Deus determinou
Você trabaia na roça
Eu no purso do doutor
Mas lhe devo a fineza
De tudo aquilo que eu sou
Dona caneta, querida
Aceite meus cumprimento
Nóis sempre trabaia junto
No progresso e o crescimento
Eu trabaio na lavoura
Você no departamento
Eu lá faço a produção
E você o pagamento
Dona enxada lhe agradeço
Só tenho que agradecê
Pois inté depois da morte
Se vamos depende
E as cova do cemitério
Você mesmo vai fazê
Pois vamos ser duas amigas
Sempre unidas até morrê