Ouviram só o repique de um berrante
Pra lá da porteira
E o tropel de uma boiada
Que vem estourada lá no estradão
Mas não se vê nem um gado
É só o berrante na solidão
Mas não se vê nem um gado
É só o berrante na solidão
Pra lá de um mata-burro
Numa santa cruz perto de um grotão
Meia-noite um boiadeiro
Toca o berrante pedindo oração
Pra livrar-se da penitência
Porque seus pecados não teve perdão
Pra livrar-se da penitência
Porque seus pecados não teve perdão
(“A alma do boiadeiro
Que pelo dinheiro matou os pais e os irmãos
Vagando vai pelo espaço com seus tristes ais
Sem tê sarvação
O castigo para quem mata
É morrê seco e matado na mais triste solidão
E assim morreu o boiadeiro
Repicando o berrante na santa cruz do grotão”)
Assim diz a boiadeirada
Nascido e criado em nosso sertão
Rezamos todos os dias
Pra que este berrante não toque mais não
É um repicado tão triste
É alma perdida na escuridão
É um repicado tão triste
É alma perdida na escuridão
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)