Comprei um burro picaço
De três anos mais ou menos
Na hora de dar o recibo
O tropeiro foi dizendo
Cuidado com esse macho
Esse bicho tem fama de ser perigoso
Por ter matado um peão
O nome do burro ficou criminoso
Joguei o lombilho no burro
O macho se estremeceu
Apertei a barrigueira
O meu burrão se encolheu
Pulei em cima do couro
O povo de perto de medo correu
Mas, qual o quê minha gente
Pagão que me aguente ainda não nasceu
Cortei a crina do burro
No sistema meia lua
Pra cortar uma légua e meia
Meu criminoso nem sua
Pra varar uma tranqueira
Pular uma porteira por riba ele avoa
Faz ecos por os todos lados
No passo picado nas pedras da rua
Eu já vi burro ligeiro
Mas igual este ainda não
Enjeitei cinco pacotes
Do filho do meu patrão
Gosto muito de dinheiro
Cinco mil cruzeiros
Não leva o meu machão
Mas pra falar com franqueza
Não existe riqueza que compre o burrão
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)