Querido amigo
Caminhou comigo em pleno cemitério
Construiu para mim um lugar seguro, Beat a Beat
Deixem Flores!
Dumatu recordes na frequência, cumprindo sua missão
Loucura, loucura, loucura!
Tomei um trago que trouxe fissura
Na boca ficou amargura
Na mente a culpa, adaga, quanto mais dói mais fura!
Eita vida cruel!
Só me resta a caneta e o beat do Lheo Zotto
Que no momento alivia o meu grande desgosto
Meu fosso, meu osso, meu corte exposto
As veias dutos do próprio esgoto
Sangrei de ponta a ponta
Amargurei um canto
Alegria nem ponta
Eu a verti nesse meu pranto
Funeral de mim! E do meu demônio
Não vou deixar legado... nem muito menos patrimônio
Um choro anônimo, um pecado enfadonho
Meu nome sinônimo de monstro medonho!
Refrão
Deixem, eu enterrar os meus defuntos
Para que nasçam novas flores em meu eu sepulcro!
Sepulcro caiado num flow embolado
Espumas em groove e um corpo encomendado
Agora pode me enterrar querido amigo
Encomende minha alma no meu ultimo gemido
A fina flor da angústia, envenenada, sempre estará em minha alma impregnada
Me fere a cada frase violentamente
Eu preparo: em outra vida eu estarei presente
Oxalá que em outra fase eu seja diferente
Desencontros do passado serão renitentes
Meu karma, meu fardo, meu darma
Se voltou contra mim o meu dardo inflamado
Mas o fato que só estou de pé
Caminha sem vida buscando ter fé
Fui ver São Tomé!
Minha crise, meu verso, só é o que é
Cega, surda a gente surta
Quando dá conta a alma tá suja
Cobriu-se de pó meu pé na caminhada
Tentei fugir de mim e fingi "não era nada"
Derramou-se do céu vingança em véu
O fel que outrora pra mim já foi mel!
Meu estágio de loucura? Tarja preta pura!
Um gole de realidade: o que me trouxe a cura!
Mas não apagou a culpa não!
E o preço dessa multa eu pago no caixão, irmão!
E essa consulta, Lheo, é a única coisa que não me insulta!
(refrão)
Eu tu ele
Nós vós eles
Carne, alma, dor, prazeres
Céu, inferno e todo resto!
Um dia eu sirvo outro não presto!
Somos todos iguais
Um dia deus nos guia
No outro, nem vou falar mais!
Bebo cada palavra no copo do além
Sujeitos, objetos, predicados também!
Proferidos, processados, duais
Proliferados, esquecidos, preferidos, pontuais ou vagos
Não importa! Serão pelo tempo tragados!
Deixem... deixem... deixem... deixem... eu enterrar os meus defuntos!