Muita gente se recorda
Do encontro tão falado
Dos dois ricos fazendeiros
Cada qual com seu reinado
Era um rei do café
Outro era rei do gado
Mas ninguém sabia ao certo
Qual o mais afortunado
Como rei cheio de pose
Vê os pobres do seu trono
Um dos reis mostrou ao outro
Lá no canto um colono
Que na sua humildade
Parecia um cão sem dono
Ou então um traste velho
Sem valia no abandono
Vendo a timidez do Jeca
Ele então quis fazer graça
Comentando com deboche
Todo o rei tem seu chalaça
Venha aqui Jeca Tatu
Enche a cuca de cachaça
Depois diga alguma coisa
Pra que a turma ache graça
O colono humildemente
Cabisbaixo como um réu
Era o alvo da chacota
Vendo o bar em escarcéu
O rei levantava a taça
Como quem ergue um troféu
A pensar que o dinheiro
Compra a terra, o mar e o céu
O colono com voz mansa
Como quem lamenta a sorte
Perguntou se o dinheiro
Dava pra evitar a morte
Se no céu se compra ingresso
Se Deus vende passaporte
Nessa altura o rei vaidoso
Se curvou ante o mais forte
O salão todo em silêncio
Pode então ver a verdade
Os dois reis da opulência
Diante da realidade
Sem palavras derrotados
No seu trono de vaidades
Tão sentiram tão pequenos
Diante o rei da humildade
Tão sentiram tão pequenos
Diante o rei da humildade
Tão sentiram tão pequenos
Diante o rei da humildade
Tão sentiram tão pequenos
Diante o rei da humildade