Encurvado olhos presos no seu rio
Se abre o semblante do guri
No caniço que se enverga
O braço sente o repuxo
Sai prateando um outro lambari
Apresando porque a tarde vai cair
Fisga um sonho na pergunta do anzol
Cada isca que ele tira
Veste um riso de alegria
Ao longe no horizonte feito brasa morre o sol
Logo mais tem pescaria é a primeira que ele sai
Mas sem boa isca amigo ele bem sabe que não vai
Quem nasceu nessas ribeiras na fronteira do Uruguai
Vai morrer pescando um sonho igual ao pai, igual ao pai
Já faz tempo que os cardumes desse rio
Só existe nas histórias do avô
Mas não falta uma traíra
Forcejando numa linha
De um pequeno grande pescador
Noite adentro rio e barco é um desafio
Esperança no afundar do espinhel
O guri segura a linha e vê nas águas refletidas
Estrelas que são peixes navegando lá no céu