Mesmo deitado nessa rede de varanda
Meu pensamento comanda as lembranças do passado
Vejo num gancho meu chapéu e a guaiaca
Protegido pela capa na parede pendurado
Um par de espora, um pelego e um arreio
Duas rédeas e um freio lá no canto do galpão
E fecho os olhos pra não recordar mais nada
Sinto o cheiro da boiada e a poeira do estradão
E no momento em que estou gritando com o gado
Eu acordo assustado e me vejo em desespero
Em minha mente tudo isso eu suponho
Mesmo que seja em sonho ainda sou boiadeiro
Abro os meus olhos e retorno o meu sentido
Ficou eco em meu ouvido
De um berrante apaixonado
Vejo as campinas, ao longe o gado pastando
Outra vez vou recordando a minha lida de gado
E cochilando às vezes levanto o braço
Tentando jogar o laço como quem estou laçando
Nesse momento escuto alguém me chamar
Vovozinho vai deitar, o senhor está sonhando
E no momento que estou gritando com o gado
Eu acordo assustado e me vejo em desespero
Em minha mente tudo isso eu suponho
Mesmo que seja em sonho ainda sou boiadeiro