Soltei meus bois lá no pasto
Para esperar a morte
Meus bois trabalharam muito
Pra morrer assim no corte
Não vendo quem me ajudou
No trabalho a vida inteira
Não tem dinheiro que pague
Minha boiada carreira
Eu tirei toras do mato
Puxei café e algodão
Mas hoje puxo a saudade
Dentro do meu coração
Essa boiada me deu
O meu pão de cada dia
Não pode morrer assim
Pelas mãos da covardia
Traquejado pela luta
Não aguento mais carrear
Se durmo ouço em sonho
Meu carro de boi cantar
Quando chego na porteira
E chamo o nome dos bois
Vejo lá no arrastão
Vem descendo dois em dois
Marchante bateu na porta
Pra comprar meus bois carreiros
Esses bois são minha vida
Eu não troco por dinheiro
São doze bois traquejados
De muitos anos de estrada
Prefiro morrer primeiro
Que vender minha boiada