Eu encilhei o meu cavalo preto e fui saindo de manhã bem cedo
Assoviei pro meu cachorro velho, que ao meu lado nunca teve medo
Laço nos tentos e poncho na garupa, rédeas curtas bem firme nos dedos
O meu destino já estava marcado, uma grande festa lá nos arvoredos
Eu vi de longe fumaça no mato, cheiro de carne no braseiro assando
Já encontrei a procissão na rua, subi um barranco e fiquei olhando
Sou devoto e meu chapéu tirei e com respeito fui me retirando
Eu amarrei o cavalo na sombra, cachorro velho lá ficou cuidando
Moça Maria filha do festeiro, deu no leilão seu lenço bordado
Arrematei e já mandei pra ela, agradeceu rindo pro meu lado
Toque um xote disse pro gaiteiro, sou resolvido e não sou assustado
Dancei com a moça e naquela festa, nosso caminho já ficou traçado
De madrugada o cachorro acuou, fim de festa ele já pressentia
Falei pra moça encostada em meu peito, a despedida é por poucos dias
Vou me embora com muita esperança e o coração cheio de alegria
Vou escrever na porta do meu rancho, já tenho dona é a Moça Maria