Há um desejo sacana,
Que arde com gana,
No fundo de mim.
Há um capeta atrevido,
Que vive escondido,
No poço de ti.
Há um mistério que assanha,
A vontade perdida,
Querendo surgir.
Há uma senha cigana,
Que pede passagem,
À margem do sim.
Há uma noite bandida, daquelas havidas,
No sono do sol.
Há uma planta crescida,
No vaso da gente,
Coberta de sal.
Há uma flama de vida,
Na velha fogueira,
Do nosso jardim.
Há uma rosa que cheira,
Na seca roseira,
Do nosso arrebol.
Há um punhado de terra,
No vaso que encerra,
A ilusão do crisol.
Há uma roda que gira,
No da sina,
Que ousamos cumprir.
Apuramos no tempo o caminho escolhido,
E ficamos assim.
Somos dois passarinhos na mão do destino,
E devemos seguir.
Há uma vida tamanha na manha do vento.
Há uma sede de festa no chão da floresta.
Há um desejo sacana,
Que arde com gana,
no fundo de mim.