Meu amor, eu já tenho trinta anos de projetos
Nada claro, nada firme, nada certo
Meu amor, sei que nada vem a mim de mão beijada
Como chega para alguns bem mais felizes
Sei também que não precisa ser difícil,
Arrastado, adiado, impossível como está
Sei lá, sei lá, sei lá...
Meu amor, eu já tenho trinta anos de paciência
Esperando a minha vez, a minha hora
Meu amor, tô guardando essa angústia e contratempos
Como quem estoca em casa os mantimentos
Cada dia pesa mais do que pesava
dói o ombro, dói as costas, dói o peito, tudo enfim
Sei lá, sei lá, sei lá...
Meu amor, eu já tenho trinta anos de remorsos
E gostaria de te dar mais do que posso
Meu amor, são tão poucas horas loucas de carinho
Mas carinho só não basta, não sustenta
Como se diz: só te encho a barriga,
Eu te deixo mais bonita com os filhos que te fiz
Sei lá, sei lá, sei lá...
Meu amor, eu já tenho trinta anos de futuro
E como dizem isso aqui é um paraíso
Meu amor, eu já tenho trinta anos de esperança
De que a vida nos batesse calma e mansa
Eu já tenho trinta anos de inocência
Dando chance, dando força, dando tempo pro país
Sei lá, sei lá, sei lá...
Meu amor, eu já tenho trinta anos de trapézio
De cinema, de teatro, de platéia
Meu amor, eu já tenho trinta anos de estrada
De caminhos, de atalhos maltraçados
Eu já tenho trinta anos de carência
Dando o sangue, dando o corpo, dando a alma pro país
Sei lá, sei lá, sei lá...
Créditos Caasi Avlis