Sonho de Samsa JVNO Do que seria o homem
Se homem não fosse mais
E a quadrupetude subisse
Das patas à fuça?
Do que seria a carne
Se pele não a fosse mais?
Não suportaria o toque
Não aguentaria
O tapa na cara
E as entranhas à flor da pele
Entranhas à flor
Sentir a saliva que agora corrói
Entranhas que, à flor da pele, destrói
Sentir o amargor, sentir o amargor
Das entranhas à flor, entranhas à flor
De que seria o homem
Se poder não o fosse mais?
Altura, prelúdio da queda e só
Beleza, a prévia da morte
Do que seria a sede
Se água incendiasse?
Não suportaria o gole
Não aguentaria
O cuspe na cara, o cuspe na cara
E as entranhas à flor da pele
Entranhas à flor
Sentir a saliva que agora corrói
Entranhas que, à flor da pele, destrói
Sentir o amargor, sentir o amargor
Das entranhas à flor, entranhas à flor