Nada no mundo se perde
Esse ditado é antigo
O que não serve pra mim
Serve pra meu inimigo
Objeto, emprego, gente
Tudo que há finalmente
Pode ser aproveitado
O que não se usa agora
Não se deve jogar fora
Mais tarde será usado
Tive o grande desprazer
De conhecer Ana Benta
Pense numa mulher feia
E multiplique por cinquenta
Era o cão chupando manga
Modelo perna de franga
Sem quadril e sem cintura
Tinha o rosto de caveira
E os peitos tipo pêra
Tipo assim pêra cintura
Era uma mulher madura
Quase podre já vencida
Mas como na natureza
Nenhuma coisa é perdida
Não é que essa beldade
Arranjou uma amizade
Com Arnaldo Jurubeba
Baixo, feio, sem cartaz
E fedorento muito mais
Que caixa de criar peba
Ana Benta e Jurubeba
Pense num casal horrível
Outra união daquela
Jamais seria possível
Mas a santa natureza
Que não liga pra beleza
Não despreza e nem rejeita
Nem tem parcialidade
Mostrando pra humanidade
Que tudo se aproveita
E a união foi feita
Jurubeba e Ana Benta
Ele estúpido feito um burro
Ela igual uma jumenta
Cada um no seu estilo
Ela a xérox dum grilo
Sinônimo do que há mais feio
Ele pescoço de gia
Se fosse na loteria
Dava coluna do meio
Pra saber qual o mais feio
Só mesmo um especialista
Se entrassem num torneio
Eram os primeiros da lista
Desprovidos de beleza
Feiosos por natureza
Ele um monstro, ela uma fera
Igual briga na cadeia
Uma feiura tão feia
Que antes de ser já era
Mas o sol da primavera
Brilha pra qual quer vivente
E pro casal de pombinhos
Não seria diferente
Na hora de procriar
Resolveram caprichar
E não deixar pra depois
Ana Benta pabulosa
Dizia toda orgulhosa
"Vai parecer com nós dois
Com nove meses depois
Nasceu o filho querido
E de fato com os dois
Era mesmo parecido
Na hora de batizar
Antes do padre molhar
Resolveu dá um aviso
"levem pra casa o bichinho
Se não nascer um rabinho
Pode trazer que eu batizo! "