Quem me deu as mãos para o violão
Não me deu sozinho, não me deu em vão
Deu para o abraço, pra fazer o laço
Preparar o vinho para a comunhão
Quem me deu os pés pro veloz destino
Não me deu sem chão
Caminhou um sonho
Não sonhou sem pão
Não me fez tamanho, não me pôs tração
Só me quis menino
E quem me deu a voz, não desfez os nós
So me fez teimar
E se deu passagem, deu pra não calar
E se passo, canto coisas do amar
Todo o meu encanto e o meu desencanto
Fiz um canto amigo, fiz um canto amargo
Fiz um canto aberto
Outro solidão
E não foi em vão se na minha dor
Desatei a rir feito assombração
Quem me deu a vida,
Já me deu com a morte pra não me enganar
Já me deu a sorte se meu deu passagem
Para ter coragem e temer mais forte
Quando o peito explode contra a solidão
Numa luta amada, uma causa armada
De fé e razão