Sertão de areia seca
Rangendo, pingando
Os pés castigando
Trazendo miséria, desolação
Caboclo, cadê o roçado?
Teu chão castigado
O vento de fogo passou
E a semente se esturricou
Teu gado, vaqueiro, vaqueiro, teu gado
Faminto no pasto começa a tombar
Manchando de branco os chapadões descampados
As grandes carcaças estão à brilhar
E tu, sertanejo?
Pupilas acesas
Procura o flagelo da fome acalmar
Procura o flagelo da fome acalmar
Não tem fartura, mio, melão, rapadura
Girimum já num canteia, começa tudo a fartá
Cabô com a seca manteiga, queijo, quaiada
Só temo de vitamina luz do Sol pra derramá
Se a fome aperta sertanejo não tem jeito
Come raiz de umbuzeiro, mucunã e guardião
E o desespero de ver só água barrenta
Faz o sertanejo um dia se afastá lá do sertão
Fugino a seca, tombando pelos caminho
Caindo à beira da estrada morrendo de inanição