Carro de boi que percorreu os sertões
Anunciando as viagens no cantar dos seus cocões
Quantas distâncias lentamente se passaram
Marcas profundas ficaram gravadas nos estradões
Na minha mente pra sempre ficou gravada
O canto triste do carro boitoando uma canção
Quantas chegadas, depois tantas despedidas
Quanta saudade doída ficou no meu coração
Canta meu velho carro de boi
Com seu dueto ecoando no grotão
Ainda ouço o seu cantar magoado
Que o tempo deixou gravado dentro da imaginação
Passou o tempo os cocões silenciaram
O cansaço brecou os passos dos bois de estimação
Meu velho carro aos poucos apodrecendo
E os velhos bois morrendo nos cantos do mangueirão
E quando vejo ali os velhos bois deitados
Entristecidos, cansados que nem se levantam mais
Igual a eles, sinto o peso dos janeiros
Já fomos três companheiros, temos destinos iguais
Canta meu velho carro de boi
Com seu dueto ecoando no grotão
Ainda ouço o seu cantar magoado
Que o tempo deixou gravado na minha imaginação
Quantas geadas nas frias manhãs de invernos
Outonos e primaveras e sol quente de verão
Quantas garoas, temporais e trovoadas
Eu firme cortando estrada em cima do carretão
Qual de nós três será que vai partir primeiro
Deixando para os herdeiros a riqueza desse chão
Benfeitorias que carreando construímos
Podemos partir tranqüilos, cumprimos nossa missão
Canta meu velho carro de boi
Com seu dueto ecoando no grotão
Ainda ouço o seu canto magoado
Que o tempo deixou gravado na minha imaginação
Canta meu velho carro de boi
Com seu dueto ecoando no grotão
Ainda ouço o seu canto magoado
Que o tempo deixou gravado na minha imaginação