A cada sol
Destranco minha portas
Deixo esse ar entrar pela janela
Pra sentar do dentro do meu peito
Acendo minhas luzes e te deixo ver todas as marcas na minha pele
As cartas sem abrir, ou as que escolhi não enviar
Te deixo ver sobre a luz do fósforo que acende teu cigarro
Ou da vela, ou do lustre que pende
Do teto rachado de caminhos e inseguranças
Te deixo ver meu rosto mudo e cru, que nada diz e muito sente
Te viro as costas nuas de passado e de futuro
No amor só há presente
O amor acolhe
Não se recolhe
Não se escolhe
Apenas abriga
O que não dissolve
Então se resolve
Quem ama descobre
Que amor é vida
"Ninguém pode entrar duas vezes no mesmo rio
Pois quando nele se entra novamente, não se encontra as mesmas águas
E o próprio ser já se modificou
Assim, tudo é regido pela dialética
A tensão e o revezamento dos opostos
Por tanto, o real é sempre fruto da mudança, ou seja, do combate entre os contrários"
Olho-me no espelho e já não me vejo mais
Eu não sou a mesma pessoa de dois segundos atrás
O amor acolhe
Não se recolhe
Não se escolhe
Apenas abriga
O que não dissolve
Então se resolve
Quem ama descobre
Que amor é vida
Mas a gente vive mudando
Meu coração não mais, pulsa só sangue
Só se sangue for amor, que alimenta veia, artéria por artéria
Que alimenta o corpo
Que pulsa a alma e impulsiona a vida
O amor é vida!