Sou em pensamento o tempo e o vento em violência migratória
Posso ser como você me vê: um Dom Quixote às avessas, um gnomo nu
Um câncer sem pressa, o mistério...
Pelo espaço, negros braços bailam nos sargaços da memória
Indetível tocha, rocha crua
Emissário de Adônis para o mundo azul
Diabólico bônus, tiro ao alvo
Já vai longe quando tudo começou
Trabalho mouro contra o muro
A insensatez de ser futuro
A mim parecem quase mil degraus
Tudo organizado caos
Um vendaval conduz a história
Espelho que reflete e me arrefece
Como prece perdida em símbolos
Num mar de sons
No controle do pânico
Limite dos sonhos
Studio Um, improvisado estudo, invento, mágica de luz,
escudo, és tudo a um só tempo
É fato, é maldição de ser alado, é turbilhão descendo o ralo,
é incansável coração
Sou o que não cessa, o que tropeça, enfim, a inacabada peça
A iso-disolada voz em duo
O fantasma em cima do armário
Às vezes, monge hindu
Invisível notório, sou o medo...