Quando eu era bem pequeno
Na idade de menino
Queria crescer depressa
Pra seguir o meu caminho
Levado e muito sapeca
Mas já com fé no divino
Encantado com o mundo
Que eu estava descobrindo
Apesar da pouca idade
Pressentia que a cidade
Estava no meu destino
O tempo passou voando
Eu me vi um homem feito
Já chegou a minha hora
Senti dentro do meu peito
Então despedi dos pais
Que sempre amei com respeito
E o meu sonho de criança
Voltar atrás não tem jeito
Senti que na capital
Nem sempre o bem vence o mal
E o caminho é muito estreito
Cheguei na cidade grande
Já fui procurar serviço
Moço com muita saúde
Emprego não foi difícil
No mundo pra mim estranho
Deu saudade lá do sítio
Lá eu era conhecido
Enxada era o meu ofício
Ao invés de matas verdes
Aqui só vejo paredes
Dos enormes edifícios
Moro no quarto pequeno
Numa vila afastada
E a dona da pensão
É chata e mal educada
Lá no sítio a gente tinha
A liberdade que sobrava
Minha mãe sempre fazia
A comida que eu gostava
Não sai da minha memória
Papai contando história
No meio da filharada
Homem que é homem não chora
O bom cabrito não berra
Soldado que é valente
Nunca foge de uma guerra
Quem tem medo de altura
Não vai no topo da serra
A cascavel que se preza
Dá seu bote e não erra
Eu vim aqui pra vencer
E quando isso acontecer
Vou visitar minha terra