Quando ela foi embora
Era noite de lua cheia
Saudade naquela hora
Penetro na minha veia
A lua foi iluminando
O seu rastro na areia
Meu olhar lagrimejando
Aos poucos foi apagando
Feito luz de uma candeira
Na batida da porteira
No batente do mourão
Rancou pela vida inteira
Em meu peito a solidão
Seus rastros na areia
O vento não apagou
A lua ainda clareia
A saudade que ficou
Fiquei preso na teia
Da tristeza que restou
Sabia ainda gorjeia
Todo mês tem lua cheia
Só ela não mais voltou
no peito desse caboclo
A saudade é persistente
Vai matando pouco a pouco
O meu coração doente
Sentado no mesmo toco
Contemplo sempre o opoente
Toda a noite é um sufoco
Delirando feito louco
Eu a vejo em minha frente
lá no alto a porteira
Para sempre emudeceu
Provando ser companheira
Nunca mais ela bateu
A batida derradeira
Recoa nos sonhos meus
Vendo a paixão primeira
Camuflado pelas roseiras
Lá na curva do adeus