Oyá
É o povo de cá pedindo pra não sofrer
Nossa gente ilhada precisa sobreviver
E levantam-se as mãos pedindo pra Deus olhar
Já não se vive sem farinha e pirão não há
Não haveria motivos pra gente desanimar
Se houvesse remédio pra gente remediar
Já vai longe a procura da cura que vai chegar
Lá no céu de Brasília estrelas irão cair
E a poeira de tanta sujeira há de subir
Oyá
Será que a força da fé que carrega nosso viver
Pode mover montanhas e jogar dentro do mar
Tanta gente de bem que só tem mal pra dar
Será que a força da fé que carrega nosso viver
Pode mover montanhas pra gente poder passar
É a nossa oração pedindo pra Deus
Oyá
Eu tô a Bangu, tô na Irajá
Se erramos sim, diga que Mauá
Vou Paracambi para te encontrar
Meu bem, vou a pé vou de trem
Em qualquer lugar
Vou pra te buscar, meu bem
Deodoro, Leblon, Madureira, ou Vila Vintém
Em qualquer lugar
Vou pra te buscar
Lá em Paquetá, lá em Camará
Pois é, perco a paciência
Perco a estribeira
Morro de saudades, Morro de Mangueira
Eu não sei por onde
Mas você se esconde assim
São Cristóvão, Ipanema, Tijuca
Quintino e Austin
Deixa de maldade
Tenha Piedade
Elevador é quase um templo
Exemplo pra minar teu sono
Sai desse compromisso
Não vai no de serviço
Se o social tem dono, não vai
Quem cede a vez não quer vitória
Somos herança da memória
Temos a cor da noite
Filhos de todo açoite
Fato real de nossa história
Se o preto de alma branca pra você
É o exemplo da dignidade
Não nos ajuda, só nos faz sofrer
Nem resgata nossa identidade
Elevador é quase um templo
Exemplo pra minar teu sono
Sai desse compromisso
Não vai no de serviço
Se o social tem dono, não vai
Quem cede a vez não quer vitória
Somos herança da memória
Temos a cor da noite
Filhos de todo açoite
Fato real de nossa história
Se o preto de alma branca pra você
É o exemplo da dignidade
Não nos ajuda, só nos faz sofrer
Nem resgata nossa identidade
No barraco na favela
Pra esquecer o desamor
Escrevendo à luz de vela
Mais uma canção de amor
Lalalaia, lalalaia, lalalalalalalalalalala
Grande festa no barraco do nego João
Pandeiro, cavaco, viola
Sob a luz do lampião
De alegria Dona Maria chorava
Para o bebê que nascia
Aquela gente cantava
Mesmo a pouco leite, a pouco pão
Aquele bebê foi crescendo
Vencendo as barreiras desse mundo cão
Fascinado por pandeiro, cavaquinho e violão
Com suaves sinfonias no piano do patrão
Aquele neguinho que andava
Descalço na rua e ao léu
Assobiando Beethoven, Chopin
Porém, preferindo Noel
Foi assim se transformando
Num singelo menestrel
No barraco na favela
Pra esquecer o desamor
Escrevendo à luz de vela
Mais uma canção de amor