Comprei um baio velhaco
O couro virado em caco
Todo riscado de espora
E me disse o criador
Eu também sou domador
Mas esse baio me apavora
Tapeei o meu chapéu
O baio subiu pra o céu
Já desocupei o lombo
Caí lá na invernada
E uma perna quebrada
Resultou daquele tombo
E nos rodeios do Sul
Debaixo do céu azul
Demonstrando valentia
Sempre eu mostrei talento
Montado no próprio vento
No cavalo ventania
Quanto quer pelo cavalo
Em dinheiro eu não falo,
Vamos falar outro dia
E te digo companheiro
Não quero nem um cruzeiro
Se domar o ventania
Levei o baio pra casa
Marquei com ferro na brasa
Chamei o amadrinhador
E montei de sopetão
Baio mordia o garrão
Até me deu um suador
Descemos canhada a baixo
Meti o rebenque no macho
Era uma nuvem de poeira
Roncava o corcoveador
“Perdemo” o amadrinhador
Quando “pulamo” a porteira
Mas o baio já cansado
E eu todo esgualepado
Mas este baio desmancho
Cansado já não dispara
Levei a tapa na cara
De volta o baio pro rancho