Certa vez
Perguntaram a seu Pastinha
O que era Capoeira
E ele, mestre velho respeitado
Ficou um tempo calado
Revirando a sua alma
Depois, respondeu com calma
Em forma de Ladainha
A capoeira, é um jogo,
E um brinquedo
É se respeitar o medo
E dosar bem coragem
É uma luta,
É manha de mandingueiro
É o vento no veleiro
Um lamento na senzala
É um corpo arrepiado
É um berimbau bem tocado
O sorriso de um menininho
A capoeira
É o vôo de um passarinho
O bote de cobra coral
Sentir na boca,
Todo o gosto do perigo
Se sorrir para o inimigo
E apertar a sua mão
É o grito de Zumbi
Ecoando nos Quilombos
É se levantar do tombo
Antes de chegar no chão
É o ódio
É a esperança que nasce,
Um tapa explodiu na face
E foi arder no coração
Enfim, é aceitar o desafio
Com vontade de lutar
A Capoeira
É um barco pequenino
Solto nas ondas do mar
É um peixe, é um peixinho
Solto nas ondas do mar.