Eu vim mostrar
O brilho que não cabe na retina
Quando o orvalho vira serpentina
Navega pelo mar da multidão
Eu vim de lá
De onde o céu cruza a Serrinha
E o morro desce bem de tardezinha
Pra coroar no asfalto o folião
Salta a pele preta em traje encarnado
Um minueto no 'reino encantado'
No Arraiá do Tijuco, no despertar da Avenida
A dama Isabel é Xica da Silva
Ah, se falassem os salões
Em tempos de carnaval
Sei que de cor recordariam
Cada cor de fantasia
À luz do municipal
Dos palcos da ribalta à Vila Rica
Ecoam gritos de: É campeã!
A beleza lhe reverencia
E anuncia o amanhã
Já é manhã de Carnaval
Até a luz do Sol veio brilhar
E o povo em procissão
Faz a sua oração
A quem pode o céu tocar
Subir no altar da história
No luxo de ser imortal
O meu lugar é o posto principal
Quero ver o teu mistério além dos cristais
Quem veste a fantasia não perde o brilho jamais
Receba a bênção do mais alto panteão
Apoteose, teu destino é feito a mão