Cantar!
Não há ninguém que não cante
Mesmo em silêncio – ninguém!
E às vezes a gente canta
Sem vontade, sem prazer,
Apenas para mostrar
Que a vida sem esse além
Não tem uma razão de ser.
Cantar para dissuadir
Os venenos do ciúme
Ou para ficarmos sós
Com a nossa consciência.
É sempre som que se espalha
E fica na eternidade
Desse momento vivido.
Nas sombras de uma saudade
Há sempre a visão amarga
De um coração iludido.
Cantar! Resumo liberto
De tudo que anda a viver,
E o mundo cabe inteirinho
Numa nota musical
Que se escapoa da garganta
De quem canta o que souber.