O sol é tupã, bela manhã, numa aldeia tupi
A lua é jaci, no céu guardiã
Da noite guarani
Terra bonita, terra decente
Povo contente e feliz
Mas eis que surgiu no mar
De repente, o grande navio de um país
O branco chegou atento e hostil
E já foi metendo o nariz
O tempo fechou no mês de abril
E o índio se viu por um triz
Em nome de portugal, pedro álvares cabral
Disse que descobriu
A terra do pau-brasil
E aqui ninguém vai por a mão
Um cacique veio num pique
E bateu o pé bem forte no chão
É trambique, cabral, fique em portugal
Aqui nina nina não
Cabral repetiu três vezes
Saímos de lá há meses
Horas e horas a fio
Noites de chuva e de frio
Nossa história agora é aqui
E daí, disse o cacique em tupi
Vamos por os pingos nos "is"
Há mil anos, nós cuidamos daqui
Do oiapoque ao chuí... (xii)
O clima ficou suspeito
Ninguém se entendeu direito
O papo não teve efeito
O delito foi dito e feito
Sem direitos, sem respeito e com preconceito
Não teve jeito
E não teve jeito não
O índio levou a pior
E a tal civilização foi chegando assim na maior
E não teve jeito não
O índio levou a pior
E a tal civilização foi entrando assim na maior
E não teve jeito não
O índio levou a pior
E a tal civilização foi ficando assim bem maior
Acuaram o índio no chão
O "progresso" chegou ao redor
E daquele dia então, a história sabemos de cor
O sol de manhã, estrela pagã
Numa cidade qualquer
A lua no céu, brilha ao léu
Sem um nome de mulher
Breve nação cheia de gente
Vive o presente enfim
Fala e escreve palavras de índio
É o povo tupiniquim
O índio penou, mas resistiu
Preserva até hoje a raiz
O tempo passou, cresceu o brasil
E o branco é um eterno aprendiz