Ouvi na viola de pastores
Bardos sonhadores que arrebanham estrelas
Qui na manhã do tempo
Um dia ela veio à terra
Raiô n'ũa panela de ôro
Pra revelá tesouros
Qui os homens não têm
Falou de mundos de mil luas
Lindas deusas nuas
Monjas do astral
Qui em dimensões além do amor
Além também do bem e do mal
Sobre as ondas de luz pastoram estrelas
Da Casa Paternal
Olhos tristonhos cor de boro
De ôro de bisôro era o corpo seu
Nas loas cantam qui era linda
Bela mais ainda qui a imaginação
Não cria e esbarra esmãecida
Em ninfas repetidas, em náiades de luz
Náiades de luz, náiades de luz
Madona senhora do amor
Eu também sou um triste pastor
Qui dêrna qui lhe escureceu o dia
Vive com a cara para o céu vazia
Riscano a viola só pras Três Maria
Só pro Sete Estrelo, pra Estrela de Guia
Inquirindo o tempo
E o espaço adonde estás
Sinhora das estrelas
Fura o céu num instante
E vem-me à janela
Qui teu pastor amante
Não morre sem vê-la
Ouvi na viola de pastores
Lerdos cantadores qui dos altos céus
Esperam o pão qui mata a fome
E chamam as estrelas por estranhos nomes
Qui nos Camim de São Tiago
Lá pelos estremos reina uma donzela
Inumana e bela na estrela amarela
Dos magos de Belém