Troveja quando estou por perto
Tempo bom fica ruim
É nuvem negra num deserto
Destempero vive em mim
Me espalho num terremoto
A fúria me esquenta o sangue
Adentro em descaminhos
Eu moro em corpo mutante
Escolho um novo disfarce
Quebro todos os meus espelhos
Refaço as feições do rosto
Rasgo meu velho corpo ao meio
E se de longe é até bonito ver quando irrompe toda a fúria do vulcão
De perto nem sempre é bem-vindo ser quem carrega tanto fogo na mão
Dentro de mim, concreto
Dentro de mim, tragédia
Dentro de mim, um monstro
Chamo e ninguém responde
Chamo e ninguém responde
Dia se espreita casa adentro
Janela se abre para o sol passar
Meu sangue esfria, recorro ao vento
Dragão adormece, começo a acordar
Abraço o meu destino
Bebo de uma outra fonte
Retraço um novo caminho
Passo a ver muito mais distante
Filho de um deus mestiço
Minha tribo, meu Belo Monte
Encontro na vida um guia
Em sonho vou mais adiante
E se entre mortos e feridos são bem poucos os que rompem a prisão
Neste momento é que é bem-vindo ser quem carrega tanto fogo na mão
Dentro de mim, silêncio
Dentro de mim, um abrigo
Dentro de mim, um monge
Chamo e alguém responde
Chamo e alguém responde
Profano ou semideus
Pobre, divino, o meu igual