Em meio a mil ponteiros dessincronizados
Há quem veja a flor
E entre canteiros gastos
Dias escassos de cor
E aquele arranha-céu
Que arranha a mão de Deus
E sacrifica a flor
Ah, tenha dó
De quem não enxerga nem mesmo o primor
Sou como mil imagens de fotografias
Prestes a desfocar
E é de sangrar um rio
Ver o presente amargar
A flor e eu
Num eu rendido à flor
Entregue ao chão
Sou como mil vagões de trens descarrilhados
Pronto pra partir
E quando as portas abrem
Deságuo ao fundo de mim
Sou como a flor que o mundo
Põe num vasilhame ao canto de um jardim
Quão falta em luz
Me sobra em vida que se reproduz
A flor em mim
Num eu rendido à flor
Me entrego ao chão
O mar vindo de encontro
E o homem indo em contra-mão
Vento sufoca ao soprar
E ranha de rancor
Se a noite garoar
É o céu regando a flor
É o céu regando a flor