Vão subindo as águas feito cogumelos
Barrancos devorando com voragem
Águas batem, rebatem como martelo
Arrasando tudo sobre a margem
Arrastando animais
Bípedes plumes e implumes tão selvagens
Espalhando temporais
Para não perder a viagem
O tempo escreveu o sinal de alerta
Mas a ganância do homem não viu
É que cobiça da mente não desperta
E nessa manhã escura ninguém sorriu
E nessa manhã escura ninguém se viu
E nessa manha escura ninguém sorriu
Eu vejo a venda que vela
Os olhos do mundo dos vivos
Eu vejo a fumaça que sela
A fúria dos radioativos
E não haverá quem chore
E não adiantarão as orações
Porque depois de tanto, tanto estrago
Da ciranda dos furacões
As dores irão para o fundo do lago
As dores irão para o fundo do lago
As dores irão para o fundo do lago
A grandeza do homem (para o fundo do lago)
O orgulho das nações (para o fundo do lago)
Os acordos de paz (para o fundo do lago)
O desenvolvimento sustentável (para o fundo do lago).