Sou caboclo e vim do mato, acredite meu irmão
Quase não uso sapato, eu ando de pé no chão
Mas cá dentro deste peito uma tristeza me invade
Sou velho não há mais jeito, vou vivendo de saudade
Quanta saudade que tenho do banho no ribeirão
Da garapa no engenho, da pinga no garrafão
Do nevoeiro da estrada que ia pro meu sertão
Nas mais lindas madrugadas, das noites de São João
Da moenda e do alambique, de tudo o que já foi meu
Da casa de pau a pique onde minha luz nasceu
Do meu bom São Benedito que tanto me protegeu
Desde o meu primeiro grito neste chão que Deus me deu
Da saudosa merendeira no pátio da velha escola
A sombra da seringueira nas tardes do bate bola
Do velho carro de boi, das lendas do meu avô
De tudo o que já se foi e só saudade deixou