Penso logo escrevo, ansiedade febril
Encho de idéias e personagens em um quarto vazio
Vejo beleza no roteiro, se não eu morro
Entre o barulho das buzinas e o coco dos cachorros
Eu to na ruas desviando e subo até a estação
Antes eu passo na banca pego uns chicletes no João
Tomo uma breja com os caras tem dia que é sagrado
Minha mina xinga e enche o celular de recado
Tenho direito a preguiça, faço mó corre por isso
Nem ví a hora passar, atrasei meu compromisso
Mas eu não falho, a gente corta caminho
Se eu não fizer ninguém faz, morro frustrado e sozinho
Faço por mim, pelos meus, vou fazer pelo mundo
Colorindo o cinzento a benção pros vagabundos
Contendo um pouco a tristeza deixo fluir o lado bom
Eu falo sério brincando e a brisa embala meu som
Deixe de pensar em besteira e pense mais na sua vida
O despertar do relógio sabe porque me empobrece
Deixo a euforia de lado porque ela já me conhece
Tenho saudade do tempo que nem tinha saudade
Um samba antigo no rádio sem mágoa e sem vaidade
Coisas que hoje são mais difíceis de ver
Vários desviam o olhar e fingem não perceber
Que a velha pressa mundana impede nosso cantar
Só com o barulho do vento sinto o tempo passar
Dias melhores virão é isso que agente espera
Me esforço pra acreditar nessa mentira sincera
Verso com o passo disperso e ainda penso besteira
Malandro depois eu pago que tá vazia a carteira
Mário Quintana me inspira uso a preguiça pra criar
Eu vou cuidar da minha vida você pensa o que quer pensar